segunda-feira, 27 de junho de 2011

Poema: HERANÇA DE UM CAIPIRA por Fernanda Berthoud


Olá pessoar,

Óia nóis aqui travêis...
Agora pra cumpartiá um poema cocêis
Qui foi escuidu praum festivar de poesias da noscidadi.
Isperamu qui ocêis gosti.

I dispois qui ocêis tivé lidu,
faiz pra genti um agradu.
Comu?
Uai, dexanu um recadu!


Herança de um Caipira
Fernanda Berthoud

Ai qui sardadi da infança
Quandu si pudia brincá pela vizinhança
Simpriucupá cuá sigurança

Única coisa qui si orvia dizê
É qui si matava bichu pra si cumê
Hojim dia u homi mata, sabi lá pruquê?!

Eita qui tristeza é di si oiá
Us  homis nervosu, disorientadu, pra lá i pra cá,
Recramanu qui farta dinheru, farta tempu, bra, bra, bra,
É tanta usura i vontadi di ganhá

Qui num dá atenção pra famia
Nim cus fio qué brincá.
Xiii, i a noitinha?
Fingi di mortu, pra muié nim querê namorá.

É minha genti, us tempu tão tudu mudadu
A tar ternet tem dexadu us homi vidradu
Ficam cuzóio duru, tortu, paradu,
Oianu muié pelada atravéi dum quadradu

Namorá isposa, nim querem mai
Ela si ajeita, si prefuma,
I pr’ele tantu fai.

Num existi mai u incantamentu
Aqueie friuzim qui si dá nu momentu
Enquiu zoiá vão sincontranu,
Ias mão vão siachanu.

Aquéia coisa di fazê um carinhu,
Um chamegu, um acalentu
Só si precupanu cus mininu
Qui fingi drumi, mai tão bem atentu!

É! U jeitu é vivê di lembrança
Di um tempu qui si vivia di verdadi,
É uqui sobrô di herança
Di um tempu qui mi faz senti sardadi.


U negóciu é pegá us homis pelu pé
i num dá brecha pr'eles pucurá muié
em otras banda, num é?

Intão pessoar, inté!

Fefê e Lili

sábado, 18 de junho de 2011

Vidas Secas x As Vinhas da Ira




Análise da obra “Vidas Secas” de Graciliano Ramos e obraAs vinhas da Ira” de John Steinbeck nas seguintes vertentes:

A temática (retirantes) e as razões do êxodo em cada obra.
A família protagonista (como se constitui e que valores preza).
A morte (humana ou de animal), como ela é narrada e que consequências traz.
O desfecho.

            Começa-se analisando a obra “Vidas Secas” – Graciliano Ramos

a)         Temática
O romance “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, é a história da retirada de uma família de nordestinos por causa da seca. Podemos dizer que em “Vidas secas”, a grande obra do regionalismo modernista, o elemento principal é a natureza, pois esta é o enfoque do mundo da aparência, que prepara o desvendar do mundo ilusório, alcançando o universal através do particular. O mundo interior das personagens de “Vidas secas” recria o mundo exterior, que é seco, árido, vazio de saídas ou possibilidades para a família de Fabiano. Isso justifica o título, que aproxima o adjetivo “secas” do substantivo “vidas” aparentemente de maneira indevida. As personagens estão secas de sentimentos humanos assim como o cenário desolador que as cerca. O que resta ao homem é seguir seu destino inexorável, de cujo fatalismo ele não escapa. Não há saídas ou esperanças concretas para as personagens: apenas a esperança precária de que pior aparentemente não poderá ficar. A única saída é fugir da seca, sempre.
O principal tema é, sem dúvida, a seca. Esse fenômeno climático é a fonte principal das preocupações das personagens, que lutam contra o meio agreste e procuram a sobrevivência a qualquer custo, o que reflete em seus corpos e em sua alma.
b)        Família
A família protagonista de “Vidas secas”, desde o início do romance é apresentada na terra árida do sertão e no sofrimento. Entre os membros da família de nordestinos (Fabiano, sinhá Vitória, o menino novo, o menino mais velho e a cachorra Baleia) não há comunicação. As crianças não possuem nomes, o que acentua o processo de animalização das personagens para ressaltar a vida mesquinha dos fugitivos da seca. Ao contrário, a cachorra Baleia, humanizada, tem nome e pensa. Sinhá Vitória é obrigada a matar o papagaio para alimentar a família. A justificativa é de que ele não falava. Durante todo o romance, a seca prenuncia para a família de retirantes a miséria e a fome. A família dos nordestinos deixa a fazenda por causa da seca e retorna a andança sem destino do início da narrativa e ainda cheia de esperança de um futuro melhor.
c)         Morte
Em “Vidas Secas” a personagem principal que acaba deixando a obra é a cachorra Baleia, sacrificada por Fabiano por estar sofrendo com bicheiras.Seu dono apiedando-se de todo seu sofrimento, resolve tirar sua vida acreditando que isso seria melhor para ela, que ela iria ara um lugar mais bonito, não sentiria mais dores e nem a fome assolaria mais o seu ser.
a)           Desfecho
O desfecho em “Vidas Secas” não poderia ser outro: a contínua desolação. Novamente a seca chega à fazenda fazendo estragos e não resta outra opção para a família do que fugir daquele lugar, só que desta vez para o lado Sul, do lado oposto de sua região, em busca da cidade grande, sem destino certo, mas no coração restinhos de esperança de uma vida melhor.
Análise do livro “As vinhas da ira”  de Steinbeck
a)         Temática
A situação social e econômica da América dos anos de 1930 é o pano de fundo do romance “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck. No caso, o romance traz como tema principal os migrantes espoliados de suas terras e de seus empregos, num êxodo que se transformou rapidamente numa nova grande marcha para o Oeste americano. A partir desse contexto, a família dos Joad, que protagoniza “As Vinhas da Ira”, partirá em busca de emprego e prosperidade, em meio à recessão dos anos 30. Nessa odisséia, os Joad lutam para manter-se unidos, a despeito das perdas e desilusões que amargam durante a jornada ao longo da Rota 66, que une Oklahoma à Califórnia. Portanto, esse é um romance cujo tema é o momento histórico dolorido para os Estados Unidos, uma obra que combina temas universais, como a aspiração humana à autorrealização, com mitos regionais caros aos americanos, como a busca, típica do protestantismo, da realização pela fé no trabalho.
b)        Família
O romance se inicia quando Tom Joad, livre após cumprir quatro anos por homicídio em uma penitenciária em Oklahoma, volta para casa. Lá encontra a família prestes a ser despejada das terras arrendadas a um fazendeiro da região. Sem opção, os doze membros da família partem em um velho carro em direção à Califórnia, onde a promessa de emprego e prosperidade é a única esperança para milhões de americanos deixados à deriva pela recessão dos anos de 1930. Assim, a família abandona o lar e não procura regressar a ele, os Joad lutam para manter-se unidos, a despeito das perdas e das desilusões que amargam em suas jornadas para a Califórnia.
c)         A morte
No texto “ As Vinhas da Ira” o trecho que mostra a crueldade que leva a morte é retratada pelo autor de uma forma que o leitor sinta pesar e indignação. Segue:
“Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. Há um malogro que opõe barreiras a todos os nossos êxitos; à terra fértil, às filas rectas das árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. Crianças atingidas pela pelagra têm de morrer porque a laranja não pode deixar de proporcionar lucros. Os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito: “Morte por inanição”, porque a comida deve apodrecer, deve, por força, apodrecer”.
            Diante de morte de crianças com fome, Tom Joad acaba assassinando um militante que o atacou, e decide se esconder por conta do assassinato, partindo para proteger sua família, tendo como objetivo começar uma luta pelos direitos dos imigrantes. Enquanto isso, o restante da família foge, e consegue em cada lugar que passa pequenos trabalhos, continuando sempre a beira da miséria.


d)        Desfecho

O finalizar o romance, o autor usa de artifícios simbólicos, uma grande enchente que simboliza a execução da população, porém nos dá uma pitada de esperança, mostrando que sempre há uma luz ao fim do túnel, quando descreve a fuga dos membros remanescentes que depois de se esforçarem muito, chegam numa colina, acima da torrente, esperando um novo dia, após o término da inundação.

Etapa 4 – Análise Final

O livro “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, narra a realidade trágica do sertão nordestino no Brasil, onde a seca assola os menos favorecidos com a conseqüente miséria.
Fazendo com que estes fujam na ilusão de encontrar no Sul, nas cidades grandes alguma esperança.
            No livro “As Vinhas da Ira” de John Steinbeck, trata dos efeitos da grande depressão sobre pequenas famílias de fazendeiros do meio-oeste americano.
            O autor critica o sistema moderno que valoriza lucros acima de pessoas, dando exemplos de comidas sendo destruídas por fazendeiros, porque não seria economicamente viável transportá-las para a cidade, enquanto milhares de pessoas passavam fome ao redor e eram mantidas afastadas sobre ameaças de armas para evitar que levassem os produtos dispensados pelos fazendeiros.
            O autor desperta a compaixão pelas dificuldades dos trabalhadores imigrantes.
            Nas duas obras encontram-se temas universais que caracterizam a realidade social, a todo o momento ouve-se falar de pessoas que migram para determinadas cidades grandes do país em busca de trabalho, condições melhores e ter uma vida menos miserável. A triste realidade é que a maioria se decepciona com o quadro encontrado nessas cidades. O sonho de que viver na cidade grande é destruído por conta de tanta concorrência e discriminação, acabam voltando as suas origens, pelo menos para viver do plantio e dos poucos frutos da terra.

“Canção do Exílio” (Gonçalves Dias) e “Vou-me embora pra Pasárgada” (Manuel Bandeira)


“Canção do Exílio” (Gonçalves Dias) e “Vou-me embora pra Pasárgada” (Manuel Bandeira)pelos aspectos da semântica, formal e temática.

Segue, primeiramente, a análise da “Canção do Exílio”.

a)         Semântico.
O poema “Canção do Exílio” refere-se a um lamento particular de um brasileiro que se encontra exilado em Portugal, e sente saudades da pátria. Na primeira estrofe, os advérbios “aqui” e “lá” são as primeiras marcas que confirmam o contexto de enunciação. Além disso, o advérbio “cá” será utilizado em sentido idêntico ao “aqui”. No primeiro verso da terceira estrofe aparece a expressão “cismar” no sentido de meditar. Já no primeiro verso da quarta estrofe aparece a expressão “primores”, cujo sentido remete às maravilhas, as belezas da pátria. Os advérbios “cá”, do segundo verso da quarta estrofe, e “lá”, do quarto verso dessa mesma estrofe, expressam a oposição entre a pátria e o exílio, ou seja,” lá”( Brasil )e “cá” (Portugal). O eu lírico utiliza os substantivos “palmeiras”, “céu”, “sabiá” para exaltar os elementos da natureza, pois elas incorporam um sentimento de valorização da pátria em relação a terra do exílio.

a)            Formal.
A “Canção do Exílio” traz como epígrafe alguns versos do poeta alemão Goethe. É importante ressaltar que, em Goethe, o “lá” é um lugar ideal, uma terra de sonho.
Igualmente, para Gonçalves Dias, o “lá” é a terra natal representativa de sonho. Quanto a pontuação todos os versos são pontuados no fim, com exceção do 21°. Na primeira, na segunda e na terceira estrofes, formadas por uma quadra igual as outras, o segundo verso rima com o quarto verso.Já na penúltima e na ultima estrofes, formadas por uma quadra igual às outras, acrescidas de dois versos, o segundo verso rima com o quarto e o sexto versos.
A canção é composta por cinco estrofes e vinte a quatro versos.


b)         Temática
O lirismo da “Canção do Exílio” aborda um dos principais temas românticos: a natureza. A lírica do autor revela alguém que está exilado, portanto vivendo fora de sua terra natal. Assim o poema apresenta um lamento individual de um expatriado. Depois de exaltar as belezas do país, o eu lírico retoma a expressão dos seus sentimentos individuais para finalizar o texto com um apelo a Deus: “Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá.”

Segue a análise do “Vou-me embora pra Pasárgada”.

a)         Semântico.
O poema de Manuel Bandeira é a expressão de um ideal nacionalista e coletivo que a terra brasileira na “Canção de Exílio” de Gonçalves Dias. A expressão “Pasárgada” no poema remete a um lugar mítico, uma terra de felicidades e prazeres que só existe na imaginação do poeta. O que é saudade da terra natal, em Gonçalves Dias, em Manuel Bandeira é saudade de um tempo feliz.

b)        Formal.
O poema é composto de cinco estrofes, sendo que a primeira estrofe é composta de cinco versos, a segunda de oito, a terceira de doze e a quarta e quinta de oito versos, fazendo um total de quarenta e um versos. Assim como na “Canção do Exílio” a “Pasárgada” também é composta de redondilhas maiores, isto é, de versos de sete silabas poéticas.

c)         Temático:
Esse poema também é uma espécie de cação do exílio, porque o poeta quer largar tudo e ir para um lugar em que poderá viver melhor. Mas esse exílio é interno, o poeta sente-se infeliz e quer buscar a felicidade.

CAPITU (Dom Casmurro) x LUISA (O Primo Basílio)



Capitu x Luisa

Nesse primeiro momento vamos fazer um levantamento da construção da personagem feminina principal de cada uma das obras, iniciando com Capitu, personagem da obra de Dom Casmurro:

a)            Como ela é apresentada?
A  principio Capitu é apresentada como uma garota apaixonada, que vive sonhando com o dia em que vai conseguir ficar com seu amado; Uma menina esperta, sabida e sedutora que luta por seus objetivos com características únicas e uma grande força enigmática.
Após o casamento tão esperado e de dias de grande alegria, com supostos fatos é apresentada como uma mulher dissimulada, que vive a enganar o marido. O autor a relata como uma mulher adúltera e fria; se opõe a ouvi-la e julga-a de modo severo e cruel. Esta de uma criança atrevida e apaixonada passa a ser considerada uma mulher traidora.

b)        Quais características físicas são evidenciadas pelo narrador?
O narrador a caracteriza como uma criatura de catorze anos, alta forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos.
c)         Quais características psicológicas o leitor vai construindo à medida de sua apresentação da personagem?
A personagem é caracterizada em todo o decorrer do livro, por vários personagens que a rodeia, segundo José Dias, Capitu carrega com si um ar enigmático, quando diz que a menina tem olhos de cigana oblíqua e dissimulada;
Personagem com o poder de surpreender; pintada pelo autor como leviana e fútil, com ambições por grandeza e luxo.
 Percebe-se que Capitu, era esperta demais para sua idade quando menina, e muito atrevida pela época em que vivia; alguns trechos que isto nos comprovam: “- Se eu fosse rica, você fugia, metia-se no paquete e ia para Europa. (...)” ou “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem.” Uma garota de catorze anos com idéias de fugir, em uma época onde a mulher é totalmente submissa ao homem e idéias atrevidas já faziam parte da infância de Capitolina, porém a menina era dissimulada e fingia ingenuidade. A menina tornou-se mulher, ainda com jeito de menina, rosto angelical, porém havia nela algo que seduzia como olhos de ressaca: "Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me". Capitu era misteriosa e escondia suas verdadeiras intenções e sentimentos. Era vaidosa e sempre conseguia o que queria
d)        Em que momento a voz da personagem é ouvida? Isso atende a algum propósito?
A voz de Capitu é ouvida no silêncio e no sofrimento, esta criatura sofre a vida toda calada sem poder falar se traiu ou não traiu sem poder se explicar ou desabafar, esta voz da tristeza e da solidão de Capitu cala-se ao ciúme doentio de seu marido. O propósito que isso atende é o fato de causar ao leitor uma dúvida sobre a verdadeira identidade de Capitu, isso faz-nos refletir se ela realmente cometeu o ato do adultério ou foi o ciúme de Bentinho que a levou a cometer esse crime.
Conclui-se que o enigma é Bentinho, não Capitu e as linhas tortuosas de suas memórias e de seu caráter compõem uma charada de difícil decifração. Mas há várias pistas: o paralelo com o drama shakespeariano de Otelo e Desdêmona; a aproximação com a ópera do velho tenor Marcolini (o duo, o trio, e o quatuor); as “semelhanças esquisitas”; as relações “suspeitas” com Escobar no seminário; a lucidez de Capitu e o obscurantivo de Bentinho; a imaginação delirante e perversa do ex-seminarista; o preconceito bíblico de Jesus, filho de Sirach; “não tenha ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti.”. Se a Capitu mulher já estava dentro da Capitu menina, como diz o narrador ”... como a fruta dentro da casca,” também Casmurro, esquisitão, quase homicida e suicida, já estava dentro do menino mimado, inseguro e possessivo.

Agora em relação à Luísa, personagem da obra Primo Basílio.

a)         Como ela é apresentada?
Luiza é apresentada pelo narrador como ”a burguesinha da Baixa” (Lisboa, cidade Baixa): uma senhora sentimental, mal-educada, sem valores espirituais ou senso de justiça. É lírica e romântica, ociosa e ”nervosa pela falta de exercício e disciplina moral.”

b)        Quais características físicas são evidenciadas pelo narrador?
O narrador a descreve como uma mulher de cabelo louro, cabeça pequenina, de perfil bonito, diz que sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras e olhos castanhos muito grandes.

c)         Quais características psicológicas o leitor vai construindo à medida de sua apresentação da personagem?
Luiza é uma mulher gentil, frágil, recatada, dedicada ao marido e ao lar e muito sonhadora; porém por trás desta imagem imaculada, se escondia uma mulher inconseqüente, cheia de curiosidades e desejos a cerca do desconhecido que a fascinava. “Mas Luiza, Luisinha, saiu muito boa dona de casa; tinha cuidados muito simpáticos nos seus arranjos, era asseada, alegre como um passarinho, amiga do ninho e das caricias do macho; e aquele serzinho louro e meigo veio dar a sua casa um encanto serio.”

d)        Em que momento a voz da personagem é ouvida? Isso atende a algum propósito?
A voz de Luiza é ouvida quando ela cria coragem e se entrega nos braços do primo, mesmo mediante da possibilidade de perder o bom casamento e sua reputação; Vai a busca de sua curiosidade, satisfazendo seus desejos carnais em uma paixão avassaladora.
“Não me julgues por isto leviana, nem penses mal de mim, porque eu desejo a tua estima, mas é que nunca deixei de te amar e ao tornar a ver-te, depois daquela estúpida viagem para tão longe, não fui superior ao sentimento que me impelia para ti meu adorado Basílio."

Diferenças e semelhanças entre as duas protagonistas com trechos representativos da construção de cada uma das personagens.
As duas personagens, apesar de fazerem parte de um enredo parecido, onde se situa o adultério, são personalidades distintas, observa-se que Capitu resolvia suas emoções de maneira racional, agia mais com a razão, era destemida, e buscava seus sonhos, certa do que queria, e esperava confiante alcançar. Porém Luiza não tinha uma consistência psicológica, limitando-se a aventurar-se no desconhecido e em um amor que a fazia agir pela emoção, sentimento, longe da razão, ainda se entregando a chantagens posteriores.
Trechos que caracterizam Capitu:
“- Se eu fosse rica, você fugia, metia-se no paquete e ia para Europa.” (...) Como vês, Capitu, aos catorze anos, tinha já idéias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas nos saltinhos. (...)
(...) Não me ocorre imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. (...) as ondas que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me puxar-me e tragar-me.
Trechos que caracterizam Luiza:
“E ela mesmo, por fim? Amava-o ela? Concentrou-se, interrogou-se... imaginou casos, circunstâncias: se ele a quisesse levar para longe,para a França,iria?Não! Se por uma desgraça enviuvasse, antevia alguma felicidade casando com ele?Não. Mas então!... e como uma pessoa que destapa um frasco muito tempo guardado, e se admira vendo o perfume evaporado,ficou toda pasmada de encontrar o seu coração vazio.”
“(...) tinha vontade de dizer adeus para sempre, mas não posso meu adorado Basílio! É superior a mim. Sempre te amei, e agora que sou tua, que te pertenço corpo e alma, parece-me que te amo mais, se é possível...”

Nesse texto tratará de compará-las quanto à linguagem, à temática, à caracterização das personagens.
Machado de Assis foca-se na psicologia de seus personagens, para assim decifrar os enigmas da alma, o sofrimento, o pensamento, e retirar deste mundo íntimo um retrato humano e social até hoje insuperável.
Seu estilo é digressivo, paródico, e metalingüístico, e não linear como nos demais realistas.
De modo geral, o tema principal do romance é o ciúme, gerado a partir da dúvida do narrador que foi despertada pela suspeita do adultério. O narrador atormentado pela dúvida obriga-se a escrever essa espécie de livros de memórias para justificar-se diante de si mesmo e diante da sociedade, porém o autor tenta convencer o leitor a acreditar na sua versão dos fatos, ainda que procure convencer a si mesmo.
Por outro lado, Eça de Queirós expõe explicitamente suas características no romance “O Primo Basílio”. A partir de construções sintáticas de acento lusitano consegue atingir uma graça e uma leveza que dão a sua prosa uma espontaneidade só conseguida com muito esforço.
O tema principal do romance é o adultério gerado a partir da traição de Luiza, que sonhava viver uma aventura romântica como nos livros que lê. O autor não procura aprofundar-se na analise do material humano, e detém-se mais no confronto entre a classe oprimida e sofredora dos criados de servir em litígio com os privilégios patronais. É importante destacar que a criada Juliana, personagem secundaria, não constitui símbolo universal da situação das empregadas domesticas: seu caso é pessoal, e como tal nos revela que seu passado é que lhe justifica todo o ódio e o azedume que nutre contra toda a gente, sobre tudo contra o inimigo próximo, a patroa Luiza.

ESTAMOS NA ÁREA


Olá galerinha!

Bem-vindos ao nosso blog da leitura.
A loirinha sou eu, Fernanda!
A outra...hummmm... outra soou pesado né? rsrs... Pois bem, a de cabelos longos é a Lilia.
Somos amigas, somos cunhadas, somos estudantes de letras e somos apaixonadas por leitura.

Esse blog surgiu da necessidade de postar um trabalho da faculdade, mas na verdade, serviu de incentivo para que possamos compartilhar nossas ideias, nossas leituras, nossos poemas.

Esperamos receber muitos acessos... rsrsrs

Pois bem, assim surge o mais novo blog da internet: LIFE (Lilia e Fernanda).

Beijos para todos

Fernanda e Lilia